O deputado Jean Wyllys disse em entrevista à Folha de S. Paulo que não tomará posse de um novo mandato e nem voltará ao Brasil por conta das constantes ameaças que vem sofrendo. Jean foi re-eleito como deputado federal nas eleições 2018 e recebeu 24.295 votos. Seria o terceiro mandato consecutivo.
+ Editorial: Resistir é a única opção que restou aos LGBTI
As ameças já faziam parte do cotidiano de Jean, mas ficaram ainda mais fortes depois da morte de Marielle Franco, o que fez com que o deputado passasse a precisar de escolta para onde quer que fosse. Isso contribuiu para decisão de Wyllys, já que ele perdeu o direito de ir e vir com segurança.
“No dia em que ocorreu o eclipse lunar [27/07], aquele em que a lua ficou vermelha, eu não podia descer porque eu estava ameaçado. Só podia descer com a escolta e a escolta não estava lá. Uma coisa simples, um fenômeno no céu que eu não podia ver. Nesse dia, tive uma crise de choro e falei: ‘eu vou largar tudo'”, contou.
Além das ameaças, Jean Wyllys é vítima constante de difamações e notícias falsas. Os deputados Alexandre Frota e Carla Zambelli, que também foram eleitos em 2018 pelo PSL, partido do presidente eleitos, foram recentemente condenado pela justiça por relacionar Wyllys à pedofilia.
“Eu vi minha reputação ser destruída por mentiras e eu, impotente, sem poder fazer nada. Isso se estendendo à minha família. As pessoas não têm ideia do que é ser alvo disso”, argumentou Wyllys.
Embora não seja a razão pela qual deixará o país, como foi divulgado antes das eleições, o fato de Jair Bolsonaro ter se tornado o presidente do nosso país também ajudou Jean a abandonar a vida pública e o país.
“Não tenho nenhuma expectativa positiva em relação a esse governo. O nível de violência contra as minorias aumentou drasticamente desde que esse sujeito foi eleito”, disse o deputado.
Por ameaças, Jean Wyllys abandona mandato e o Brasil